Araputanga - MT. 10/02/2001

          ALVINHO :

          Ei, voce ! Pedacinho de gente, do qual estou longe, com quem eu fiquei
          Ei, voce ! que me sorri num retrato, e me lembra por que estou vivo !
          Voce...que guarda meu coração contigo, para quem eu sempre voltei...
          Que veio à luz, já armado e lutando, enquanto eu olhava passivo !

          Criaturinha, pequeno gigante, que acordou esse pássaro errante,
          E trouxe, na mala do tempo, paz ao meu mundo frio e atormentado,
          Voce, que segura o barbante, e me dá linha, para subir num instante,
          Que a recolhe, fazendo com que a vantania, me encontre pousado !

          Ei, voce ! Criatura à qual dei o nome do criador...que se foi,
          Que caminha a passos largos, tendo ainda pequenas as asas,
          Que segura minha mão...e me faz sentir tão grande ! Oi !

          Sei o qão longa é a estrada !!! Conheço os atalhos das nuvens !!!
          Mas nada entendo do mar...Eu aceito teu convite, sou teu " ala  ",
          E abro minhas asas junto a tuas velas, aguardo contigo, os ventos do destino...

          Ensina esta velha águia a navegar...pois sei que encontrarei meu destino,
          em algum lugar, por entre as  nuvens !!!

                                                                                                  Papai !!!

Araputanga - MT. aos 12 de fevereiro de 2002.

          " Cicinha "

            Se meu trem, trilhasse os trilhos,
            Trilharia-o para a trilha do mar...
            Aportaria no doce verde dos teus olhos,
            Ancorado na baia, sob ondas do luar...

            Navegasse, meu barco, teus anseios,
            Rumaria-o aos longínquos horizonte...
            Pousaria no vale dos teus seios,
            Sob raios do poente sol, por entre os montes...

            Não houvesse nascido alado, tudo isto faria,
            E muito mais longe iria, pela sua companhia,
            Pois que, pássaro, evitando a chuva fria,

            Aproo a " calda do cruzeiro ", seja noite, seja dia,
            Guiado por uma paixão, que a distancia contraria,
            E que o tempo não apaga, meu amor a voce me guia !!!

                                                             Te amo de montão

                                                                                      Gá

Rondônia, 12 de março de 2003

          Almas imortais...oriundas dos primeiros navegantes !
          Vaguearam sós, pela noite, singrando os mares, rumo ao desconhecido,
 uma caixa de interrogações nas mãos, guiados pelas estrelas.
          Quantas noites frias, solitárias, ouvindo o sussurro do vento,
 passei em minha própria companhia! As grandes ondas, do mar bravio,
as tempestades, as calmarias, estando tão perto, de ir tão longe!
          A névoa seca, a bruma fria, nenhum mapa, nenhum destino, só a certeza
de que navegar é preciso, independente de rumo ou direçao.
          E assim, o tempo, que é mesmo o senhor da razão, se foi...dias, anos,
vida após vida, de encarnação em encarnação, através dos séculos, e isto é que fui !!!
          É assim que sou : navegador, viajante, é o que sei fazer e o que faço bem feito!
          É o que fiz pelos séculos, é o que farei pelos próximos!!!
          Comecei falando em "Almas imortais"... Almas, no plural : é que tenho uma
alma à minha ligada...fui navegador ....foste "minha estrela"...é por voce que me guio,
e em tua direção que navego ! É o brilho do teu olhar que se vê refletido no meu,
é a luz da minha alma...sempre o foi...sempre o será!!!
          Naveguei céus e mares, pelos tempos, em direção à tua luz, hipnotizado pelo teu
brilho...mas, qual navegante, nunca alcancei minha estrela, ela está sempre lá, e eu sempre
aqui!!!
          Algumas vezes, nuvens escuras impediram-me de ter ver...como ontem à noite!!!
Fiquei perdido, sem rumo, sem direção, sem razão para continuar flutuando ! O velho
 casco está bem furadinho, fazendo água...e voce é a bomba do meu porão ! Enquanto
voce estiver comigo, conseguirei flutuar!!!
          Hoje, as nuvens se dissiparam, voltei  ver minha estrela, ela está lá, no mesmo
lugar, com nossas duas estrelinhas ao seu lado ! A bomba voltou a funcionar, o porão
está seco, enfurnei novamente as velhas velas.
          Continua me mandando o seu brilho, para que eu saiba em que rumo navegar...


                                                                                                Gá