segunda-feira, 16 de maio de 2011

União para pedir por PAZ

Manifestação exigindo mais segurança reúne
cerca de cem pessoas em Londrina



Lutar por mais segurança. Este foi o objetivo levantado pelos cerca de cem manifestantes que se reuniram na manhã de ontem no Zerão, em Londrina. O grupo, que se mobilizou através de mensagens em uma rede social na internet, vestia roupas pretas. O protesto reuniu pessoas sensibilizadas com o assalto que feriu gravemente Isabella Tibery Garcia Lopes, 49 anos, baleada na última quinta-feira no semáforo da rua Pernambuco com a avenida JK, área central de Londrina. Muitos amigos e alguns familiares da vítima estavam presentes.


Sibele Donadel, amiga de Isabella, ajudou na organização da manifestação. Ela disse que o grupo está indignado com as leis que protegem os menores. ''A gente quer mudar essas leis. Independente de quem seja a vítima hoje, se ninguém fizer nada, os responsáveis por estes crimes continuam impunes. Se eles têm direito ao voto, também devem ser responsabilizados pelo que fazem. Por causa de um relógio que seria vendido para comprar drogas, perdemos uma pessoa inocente'', disse.


Ela acrescentou que além da mudança de leis é necessário que a sociedade se conscientize sobre o uso das drogas. ''É preciso saber que às vezes, quem sustenta o traficante é o filho de uma amiga nossa'', desabafou. ''Sabemos que este não é um problema municipal e nem estadual. As leis são federais. Queremos mudança em nível nacional. É preciso fazer alguma coisa'', completou.


Ascêncio Garcia Lopes, médico e pai de Isabella, esteve no protesto e disse que sempre amou a cidade, mas agora o sentimento é outro. ''No momento estou odiando Londrina, ela me tirou o que eu tinha de mais lindo. Eu creio em Deus e espero que a cidade tenha dias melhores'', disse. Ele confirmou a morte cerebral da filha e disse que a família está aguardando o coração parar de bater, o que segundo ele, pode acontecer a qualquer momento.


Para Ascêncio, a única maneira de mudar a realidade do país é através de manifestações públicas. ''Hoje as atitudes estão nas mãos da gente. As instituições lutam, mas faltam condições para isso. O povo tem que se manifestar em todas as áreas'', acrescentou. Ele disse que considerava Londrina uma cidade pacata. ''Jamais pensei que isso ia acontecer comigo, que tirariam de mim a coisa mais linda que tenho. Os movimentos sociais devem existir para que isso não se repita'', completou.


O advogado Alan Pietraroia Nogueira lembrou que não se decide as mudanças do país apenas nas urnas, mas nos tribunais onde pode ser exigido o cumprimento das leis. ''A população está implorando o cumprimento das leis e isso não se pede, se exige. Além de mais policiais, precisamos que eles trabalhem com maior eficiência'', disse.


Durante o protesto o grupo fez uma roda, rezou e deu uma volta no zerão. Os organizadores iriam pegar nome e telefone dos participantes para realizar outras ações. Lydia Fuganti Fedrigo disse que o grupo vai definir exatamente o que será feito e montar um documento. ''Trabalho em um projeto social na Zona Sul e sei que a saída não está em reduzir a maioridade penal. Vamos reunir os interessados, discutir o assunto e montar um documento formal em busca de soluções. Não adianta ficar só na manifestação, é preciso fazer alguma coisa mais objetiva'', finalizou.




Michelle Aligleri
Reportagem local



http://www.folhaweb.com.br/?id_folha=2-1--2415-20110516